“Rodeio crioulo atrai 100 mil pessoas”. Esta foi uma manchete publicada pelo jornal Folha de Londrina, no dia 1º de maio de 1998, sobre o rodeio crioulo realizado em São Luiz do Purunã. Quando paramos para considerar que atualmente a população do distrito está em torno de 1.500 pessoas, o público que frequentou o rodeio  equivalia a 66 vezes o número de habitantes

Origem do rodeio

Para falarmos sobre rodeio crioulo, é importante antes contextualizar a respeito da origem e do que se trata a prática do rodeio em si. Esta atividade surgiu nos Estados Unidos do século XVII, quando os colonos estadunidenses trouxeram à sua cultura alguns costumes de origem espanhola que eram praticados pelos mexicanos, como as festas e a doma de animais.

Com o passar do tempo, o rodeio foi se tornando mais parecido com o que conhecemos hoje: uma atividade que consiste basicamente em uma tentativa de resgatar a tradição da lida campeira na criação de animais.

Rodeio crioulo

O Rodeio Crioulo surgiu no Rio Grande do Sul na década de 1950, a partir dos torneios de tiro de laço competitivos, utilizando cavalos da raça crioula, com o objetivo de resgatar manifestações das tradições do campo. O primeiro rodeio crioulo foi em Vacaria (RS), e a partir de então se proliferou e motivou mais pessoas a poder vivenciar os costumes tradicionais gaúchos.

Nos rodeios é possível vivenciar diferentes manifestações culturais: a dança, a chula (sapateio característico e exclusivo de peões), a declamação, a trova (criação e improviso de versos cantados), as vestimentas típicas, exposição de animais como gado campeiro e cavalos crioulos e o esporte, como competições de laço, gineteadas e rédea.

A prova de laço é a preferida da maioria: realizada em uma cancha onde o laçador, montado a cavalo, busca laçar o boi conforme os limites de tempo e espaço estipulados. A gineteada consiste em conseguir ficar o máximo de tempo montado em um cavalo mal domado ou xucro (ainda não domesticado). Já na prova de rédea deve-se fazer o percurso e obstáculos estipulados em menor tempo possível.

Arquivo da família Garrett

Quem gosta de rodeios, geralmente é assíduo. Assim, fazem um verdadeiro acampamento: com um trailer, caminhão ou barracas organizam o espaço para dormir, levam todos os utensílios, uma boa carne, chimarrão e claro, os cavalos crioulos. O espaço do rodeio torna-se uma cidade crioula: os representantes de cada município formam uma família e a festa é garantida.

Cavalos crioulos

O cavalo Crioulo tem sua origem nos equinos Andaluz e Jacas espanhóis, trazidos da península ibérica no século XVI pelos colonizadores. Estabelecidos na América, principalmente na Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, Peru e sul do Brasil, muitos desses animais passaram a viver livres, formando manadas selvagens que, durante cerca de quatro séculos, enfrentaram temperaturas extremas e condições adversas de alimentação. Essas adversidades imprimiram nestes animais algumas de suas características mais marcantes: rusticidade e resistência. Em meados do século XIX, fazendeiros do sul do continente começaram a tomar consciência da importância e da qualidade dos cavalos que vagavam por suas terras. Esta nova raça, bem definida e com características próprias, passou a ser preservada, vindo a ganhar notoriedade mundial a partir do século XX, quando a seleção técnica exaltou o seu valor e comprovou suas virtudes. 

Rodeio crioulo em São Luiz do Purunã

Arquivo da família Garrett

Esta tradição do rodeio crioulo de São Luiz do Purunã teve início em 1963, sob comando do “Patrão” Dinarte de Almeida Garrett. E, devido ao sucesso, passou a ser realizada anualmente, com uma programação que ia além das práticas de montaria, estendendo-se para outras atividades relacionadas à cultura gaúcha e ao tradicionalismo da região. Popularizando-se como um evento típico de São Luiz do Purunã, ao ponto de mobilizar milhares de pessoas para participarem das edições seguintes, até se tornar a maior reunião de rodeio crioulo do Brasil. 

O evento cresceu e se solidificou chegando a atrair até 2 mil peões que participavam das atividades, além do público de espectadores que visitava e permanecia no distrito durante os dias de evento. A festança durava três dias. 

A programação se desdobrava da seguinte forma: na cancha, antes das atividades dos peões e depois de hasteadas as bandeiras, era realizado o desfile ornamentado dos cavaleiros. Após, havia a celebração da Missa Crioula em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, São Sebastião e São João. E apenas depois que aconteciam as apresentações dos Centros de Tradições Gaúchas, é que se iniciavam as disputas.

Tipicamente pilchados (bota, chapéu, bombachas, cinto/guaiaca e lenço) os peões se aplicam nas provas de laço, marcação, pialo, corrida, gineteadas, rédeas, cadeira e mesa, tambor e cepo, entre outras modalidades. Entre uma prova e outra o entretenimento ficava por conta de concursos de gaita, danças, poesias e trovas. 

Durante os dias de evento, os participantes costumavam abdicar das possibilidades de se hospedarem em hotéis e pousadas, para vivenciar a experiência do campo e das tradições tropeiras na prática. Passavam o tempo acampados em um camping anexo a cancha de laço e consumiam em seu dia a dia a culinária local, com os sabores das receitas tropeiras.

Saiba mais sobre a cultura tropeira aqui

Durante 38 anos este marcante evento foi responsável por formar grandes campeões, fortalecer as origens tropeiras e levar o nome de São Luiz do Purunã, do Rodeio e do Cavalo Crioulo a um novo patamar, além de criar laços de amizades e unir casais que vinham pelo mesmo objetivo de diferentes regiões do país.

Conheça mais sobre tradições gaúchas

Em São Luiz do Puruna você tem a oportunidade de vivenciar na prática outras tradições gaúchas. Mesmo que atualmente esse evento não faça mais parte do calendário da região, outras possibilidades permanecem de portas abertas para quem quer se aventurar no campo e aproveitar para conhecer mais da cultura. Acesse o Visite Purunã e explore todas as possibilidades de atividades para vivenciar junto com a gente.