Um novo ano letivo se inicia e com ele a ansiedade de pais e filhos diante da retomada da rotina escolar. O último ano foi marcado pela pandemia, e com ela seus reflexos como notas baixas, dificuldades de aprendizagem, dificuldades de adaptação, entre outros padrões, que atrapalham o desempenho dos alunos e causam grande preocupação aos pais, professores e aos próprios estudantes.
O início do ano é um período de planejamento e serve para nos reestruturamos e colocarmos em prática novas formas de resolução e condução das tarefas diárias, e nisso, se inclui a rotina de estudos, seja para o aluno como para os seus responsáveis, que também atuam como mediadores em paralelo com a escola. Diante desse panorama cabe pontuar algumas metas que podem ser colocadas em prática durante o período letivo para que este ocorra de maneira tranquila.
A primeira etapa é…
…estabelecer uma relação funcional entre a escola, pais e filhos, o que acarreta benefícios tanto na produtividade do estudante e sua aprendizagem, quanto nas relações e bem estar no ambiente escolar. Feito isso preparem-se para o início das aulas: estudos, notas, provas, algumas incertezas (afinal, a pandemia ainda não acabou!)…e coloque em prática algumas dicas que irão colaborar muito na organização dos estudantes.
As responsabilidades escolares, a organização de cronograma de estudos, prazos de entrega dos trabalhos, o compromisso de assiduidade e pontualidade às aulas – sejam elas online ou presenciais – , o planejamento para organizar uma pesquisa ou o momento de estudo, a aquisição e construção de conhecimentos novos, o desafio de raciocinar horas seguidas com plena atenção concentrada. Tudo isso é fruto de muitas conexões neuronais, que se constroem com a criação de novas sinapses (informação passada de neurônio para neurônio no cérebro) devido a oportunidades favoráveis que são dispostas ao indivíduo.
Essas oportunidades devem ser constantes para que o estudo seja um hábito diário, o que não acontecerá da noite para o dia, já que nosso cérebro leva de 21 a 60 dias para se programar e obter um novo hábito. Portanto, nossa palavra chave é DISCIPLINA na gestão dos dias, horários e prioridades colocando em prática alguns “mandamentos” para que o estudo ocorra de forma apropriada com resultados positivos ao longo do ano.
E a segunda etapa…
…são os “mandamentos” que se colocados em prática com certeza farão toda diferença para um bom aproveitamento escolar:
1 | Crie uma Rotina
Durante as férias há uma maior liberdade com os horários, mas com o aproximar do início das aulas, é importante, criar a rotina de deitar-se mais cedo para que se possa ter, no mínimo, 8 horas de sono, essa pode ser uma tarefa difícil, pois o corpo demora algum tempo para habituar-se a uma nova rotina. Por isso mesmo é muito importante exercitar esses novos horários antes do início do ano letivo. Se o seu filho(a) tiver dificuldade em adormecer nos primeiros dias, incentive-o (a) a ler antes de adormecer, já deitado(a) na cama isso ajudará a melhorar o sono e a diminuir o estresse e a ansiedade. Para evitar outras distrações, peça para que o celular, computador ou televisão sejam desligados. Isso favorece o relaxamento e no outro dia acordará com maior disposição.
Acesse o artigo “Guia de rotina, organização, e incentivo para crianças!” para mais dicas.
2 | Planeje suas tarefas diárias
Logo na primeira semana de aulas faça um cronograma contemplando todas as disciplinas escolares e disponha num local de fácil visualização. Dentro de cada quadro da disciplina pontue qual a tarefa a ser realizada (prova, trabalho, conteúdo a ser estudado), com esse planejamento em mãos ficará mais claro por onde devemos começar qual a prioridade do período. Destas informações anteriores pontue etapas menores que dividirá por dia destacando de 3 a 5 prioridades, conforme o exemplo que segue (segunda-feira / Português / prova /Verbo, Substantivo e Advérbio), nunca deixe as tarefas para última hora!
3 | Prepare o ambiente para o estudo!
Este deve ser silencioso, bem iluminado, com os devidos cuidados de organização, mantendo-se longe dos eletrônicos – a não ser que estes sejam importantes para realização de pesquisa, ou caso as aulas sejam online – , ao sentar-se tenha à mão tudo o que vai precisar. Estude sempre as matérias que você tem maior dificuldade, nos horários mais produtivos.
4 | Prepare todos os materiais necessários com antecedência: cadernos, apostilas, livros para pesquisa, canetas, lápis, etc.
Além do material escolar, considero também ser essencial o aluno ter o seu próprio material de estudo. Sendo assim, aconselho a posse de um caderno com separadores para cada disciplina, agrupando diferentes formas de trabalho. Por exemplo, para a disciplina de História, dentro do separador dessa disciplina, colocar uma folha A4 para “RESUMOS”, outra com “APONTAMENTOS” e, por fim, uma última a dizer “EXERCÍCIOS”. Fazer o mesmo para as restantes disciplinas.
5 | Organize os estudos!
Incentive a sua criança ou o jovem a manter a organização do caderno de estudos para que ele próprio comece a fazer os resumos para cada disciplina, e comece a realizar alguns exercícios sobre a matéria que acabou de estudar, colocando depois as folhas resultantes do seu trabalho nos separadores corretos. Esta organização será muito importante sobretudo para o incentivo ao estudo autônomo, entre muitos outros benefícios que poderá constatar ao longo do ano letivo.
6 | A concentração também deve ser treinada!
O estudante deve disciplinar a sua atenção. É mais fácil se concentrar sem ouvir música ou ver televisão, sem receber notificações do celular… Devemos manter nossa atenção voltada ao estudo, isto aumenta nosso rendimento. Quando estudamos, devemos esquecer das outras coisas e focar nosso objetivo em aprender aquilo que está à nossa frente.
7 |Descubra qual seu melhor horário
Estabeleça uma hora do dia em que sente que terá maior disposição (manhã, tarde, noite…) e fixe esse período para seus estudos!
8 | Foco e motivação também são muito importantes!
O estudante precisa estar motivado para que dirija sua atenção à tarefa de estudar. Pois, caso contrário, estará fortemente propenso a se distrair, o que faz com que ele frequentemente tenha que retornar ao início de um trecho já lido, sendo assim é necessário estabelecer uma finalidade (objetivo) para o estudo, e organizá-lo através de um cronograma. Defina claramente qual é o seu objetivo (o que você quer), e em que prazo, traçando um plano de ação. Suponha que um estudante deseje reforçar os seus estudos em Língua Portuguesa e, para isto, adquirisse um bom livro e fosse lendo-o, do começo ao fim; em determinado momento, ele se sentiria desmotivado e a sua atenção se reduziria consideravelmente; porém se, ao contrário, ele fizesse um planejamento diário, dividindo o trabalho em módulos (pontos a serem estudados), de modo a centralizar a sua atenção naquilo que ele estivesse estudando naquele momento, seu rendimento seria maior.
Ele não mais iria encarar os estudos com o pensamento de que “hoje vou estudar Língua Portuguesa”, mas sim, “hoje vou estudar a Verbos, Pronomes…”, por exemplo, desta maneira seu foco não mais estaria em todo o livro, mas sim em um ponto por vez o que lhe agregaria mais eficazmente.
Ter em mente o foco (objetivo do estudo) faz com que mantenhamos a atenção e, consequentemente, a motivação. O estudante tem que ter em mente o que ele pretende, de uma forma objetiva e precisa. É importante também, além de estabelecer um objetivo, organizar-se no sentido de estabelecer como (através de quais métodos) e quando (em quanto tempo) ele será atingido.
Lembre-se: é impossível fazer com que todo o estudo seja interessante, mas é importante que o estudante mantenha-se sempre interessado.
Faça do estudo um hábito! Saia do estado de procrastinação. “O maratonista não treina somente antes das competições, para ele o treino é um hábito”.
Diante destas considerações desafio os leitores, a colocarem em prática estas dicas, seja como mediador ou protagonista da maratona de estudos que começará em breve, e certamente este será o impulso destinado ao sucesso escolar e a um futuro promissor dessa jornada!
Escrito por Joyce Mendes, psicopedagoga clínica e institucional e neuropsicopedagoga.