Comecei andar a cavalo ainda criança, em fazendas dos avós no interior paulista e mineiro e, desde então a paixão por cavalos só cresceu.

Fui durante alguns anos, criador de cavalos Mangalarga, e sempre gostei muito de cavalgadas. Como apaixonado por cavalos e cavalgadas, fiz inúmeras viagens a cavalo em todas as regiões do Brasil, e em todos os continentes (Abu Dhabi, África do Sul, Austrália, Argentina, Botsuana, Camboja, Canadá, Chile, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Hungria, Índia, Indonésia, Itália, Jordânia, Mongólia, Namíbia, Nova Zelândia, Peru, Polônia, Portugal, Turquia, Uruguai e Zimbabue).

Vivendo experiências únicas e inesquecíveis em minhas viagens, resolvi em 2003 aliar minha paixão e conhecimentos para criar a Cavalgadas Brasil, primeira agência do país especializada em viagens a cavalo. Organizei roteiros exclusivos em diversas regiões do Brasil e em alguns países da América do Sul.

Percorri a cavalo 750 kms do Caminho de Santiago de Compostela e 1780 kms da Estrada Real e com isso me tornei membro do Long Rider’s Guild, entidade inglesa que reúne cavaleiros de longo percurso e tem 5 representantes no Brasil. Sou fundador do Instituto EquusBrasil que tem projetos com objetivo de levar informação ao mercado equestre.

Todos os anos faço viagens a cavalo, em diversas regiões do Brasil e em vários países. Neste ano de 2020 antes da paralização, eu cavalguei em 3 países (Portugal, Indonésia e Camboja) e 2 estados (Bahia e Rio Grande do Sul) além é claro, de cavalgar aqui em São Luiz do Purunã.

A seguir, compartilho um pouco sobre lugares e experiências que já vivenciei viajando o mundo em cima de um cavalo: 

Viagens pelos Brasil

Muitos anos se passaram até que tive a oportunidade de começar a conhecer o Brasil a cavalo. Em 2006 resolvi dedicar um ano para conhecer os melhores destinos do país para cavalgar e cavalguei em todas regiões do Brasil, em quase todos os estados brasileiros.

No Pará cavalguei em fazendas da Ilha do Marajó e da região de Santarém. Também fui a cavalo até a famosa praia de Alter do Chão. Assim como cavalguei na Chapada Diamantina/BA, Chapada dos Veadeiros/GO e na Chapada dos Guimarães/MT. Percorri todo o litoral, de norte a sul, e encontrei destinos maravilhosos, desde Jericoacoara no nordeste, até o Parque Nacional da Lagoa do Peixe no Rio Grande do Sul.

O Pantanal explorei em várias regiões. Tive oportunidade de participar durante alguns dias de uma Viagem de Comitiva, experiência extraordinária onde aprendi mais da rica cultura pantaneira. Conheci algumas escolas pantaneiras na região de Aquidauana visitei a escola na fazenda do Almir Sater, um exemplo de iniciativa que merece ser mais conhecida e divulgada.

Todos os anos cavalgo nos Aparados da Serra e na Bahia, destinos espetaculares onde guio clientes estrangeiros. Não me canso de repetir esses destinos, pois cada vez que volto, vivo uma experiência singular, pois não existe cavalgada igual a outra.

Em 2016 tive oportunidade de realizar minha maior viagem a cavalo, percorri os quatro Caminhos da Estrada Real (MG/SP/RJ), 1780 quilômetros em 45 dias. Experiência inesquecível que compartilhei com o amigo José Henrique Castejon.

Cavalguei na maioria das regiões de Minas Gerais, estado natal de meu pai e detentor do maior plantel de cavalos do Brasil. São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, são estados onde também fiz várias cavalgadas em diferentes regiões.

Pelo Mundo

Ao mesmo tempo que conhecia o Brasil a cavalo, busquei conhecer os melhores destinos do mundo em cavalgadas. Ainda com a chance de aprender a cultura equestre desses países. Fiz muitos safáris a cavalo em diferentes lugares da África (15 safaris diferentes em várias regiões da África do Sul, Botswana, Namíbia e Zimbabue). 

Sobre a África digo: todos nós um dia sonhamos com ela, aquela dos famosos documentários da National Geographic, filmes e livros. A África é um destino que poucos conhecem bem, mas que está na imaginação de muitos.

Para quem busca muita adrenalina e uma grande aventura, os safáris a cavalo no Delta do Okavango são considerados por cavaleiros do mundo todo com o melhor da África! Participei de três diferentes safáris a cavalo na região do Delta e concordo, é o Top da África!

No norte da África, em 2018 fui conhecer o Marrocos, país interessantíssimo com seus cavalos Berberes e cruzados com Árabe. Cavalguei em várias regiões e acompanhei a etapa final do Campeonato Nacional de Tbourida – tradição equestre que apresenta um jogo de guerra estilizado. Trata-se do esporte equestre nacional, uma tradição realizada por comunidades árabes e berberes por todo o Marrocos.

Na América do Sul, cavalguei no Chile, Equador, Peru, Uruguai e em quase todas regiões da Argentina. Considero a Patagônia Argentina um dos principais destinos do mundo para cavalgar. Sua natureza inóspita é para ser sentida, vivida; nenhuma foto consegue expressar o que ela realmente tem para mostrar.

Mais pelo mundo

Participei de cavalgadas no Canadá e em vários estados americanos. Com os Estados Unidos, tenho uma relação especial (foto da capa), pois foi onde fiz minha primeira cavalgada internacional quando tinha 18 anos. País com a segunda quantidade de cavalos no mundo e com a maior tradição em cavalgadas.

Na terra de encantadores de cavalos cavalguei em cenários espetaculares, com destaque para o Wyoming, destino de minha primeira cavalgada internacional para onde retornei em 2015. É um lugar onde você se sente dentro dos cenários espetaculares dos filmes do velho oeste.

Índia, Mongólia e Turquia são os destinos onde cavalguei na Ásia. Para a Mongólia fui sabendo que o principal não seria a cavalgada em si, mas a oportunidade de conhecer a cultura do povo mongol e o cavalo Przewalski ou Takhi como é chamado no país.

Sobretudo, ao longo de minhas viagens tenho procurado conhecer os diferentes cavalos selvagens que existem no mundo; a maioria deles, como o Mustang americano ou o Brumbie australiano, são na verdade cavalos descendentes de animais domesticados que escaparam e se adaptaram à vida selvagem.

O cavalo de Przewalski nunca foi domesticado e continua a ser o único cavalo verdadeiramente selvagem no mundo de hoje. Ele é uma das três subespécies conhecidas de Equus ferus.

Cerca de 40% da população da Mongólia é de pastores nômades, a vida da família depende da saúde de seus rebanhos e é pontuada por cuidar dos animais. “Foram os cavalos que moldaram a nossa pátria, por isso, respeitamos muito o cavalo na nossa cultura”.

A Índia com sua cultura milenar e o cavalo Marwari me impressionaram tanto, que decidi junto com a amiga Paula da Silva editar um livro de arte com suas fotos espetaculares.

Cavalgadas pelos cinco continentes

No Oriente Médio cavalguei na Jordânia e nos Emirados Árabes. Sobretudo, apesar de já ter cavalgado em cavalos árabes antes, percorrer as dunas do deserto ou chegar a Petra montando num cavalo árabe é uma experiência inesquecível.

Na Europa, cavalguei na Hungria, Polônia, República Checa. De tal forma que percorri várias regiões da Espanha, França, Itália e Portugal. Com destaque para o Caminho Santiago Compostela (Francês), de fato, em que foram 750 quilômetros em 19 dias, em 2012.

Na Oceania, cavalguei na Austrália e Nova Zelândia. Entretanto, apesar de serem países próximos, são experiências completamente diferentes. A Nova Zelândia é um lugar incrível para atividades na natureza, incluindo é claro, cavalgada.

Na Austrália além de cavalgar, fui ao Parque Nacional Kosciuszko para conhecer os Brumbies. São os cavalos selvagens da Austrália. Ao passo que trata-se da maior população de cavalos selvagens do mundo. Além disso, neste Parque se concentra a maior quantidade deles. 

Me sinto totalmente integrado com o mundo ao meu redor, escutando todos seus diferentes sons e sentindo uma energia que não consigo quando não estou cavalgando. Viajar a cavalo me oferece oportunidade de viver novas experiências, numa integração extrema, homem, cavalo e natureza.

São Luiz do Purunã como meu lar  

Em 1998 conheci São Luiz do Purunã, quando existia apenas o Hotel Fazenda Cainã, que naquela época tinha quartos apenas onde hoje é a casa principal. Desde então frequento a região até que em 2013 comprei uma chácara e passei a residir no distrito. Minha motivação principal foram os cavalos e uma região bonita onde pudesse cavalgar. Mesmo conhecendo tantos países e lugares diferentes, a somatória da cultura do cavalo aliada a beleza natural que temos aqui fizeram com que eu escolhesse São Luiz do Purunã para ser meu lar.


Escrito por Paulo Junqueira Arantes. Cavaleiro profissional, apaixonado por cavalos, fundador da Cavalgadas Brasil e do Instituto Equus Brasil, editor da Cavalus, e, grande parceiro do Instituto Purunã.